terça-feira, 28 de setembro de 2010

O ponteiro aponta pro norte...

A nova é que não me resta mais tempo pra nada, e tão sem tempo que fico... corro atrás do tempo que não tenho, e só o que encontro é perca de tempo. Onde é que o tempo se esconde quando precisamos dele?

Minha têmpora anuncia com dor que o tempo que passou, deixou um aviso na janela... sim, naquela entrada onde em cima está escrito “tempo perdido” aquele tempo que a tanto eu procurei nos achados- e-perdidos estaria ali? Ainda estariam dentro dele todos os meus sonhos de criança, sem a terna temperança de tempo nenhum? Tornaria ele o que quando o encontrasse? Tempo achado? E o que me esperaria para além da janela? Enfim, O tempo verbal me impulsiona a ter uma ação, decido então, quando os ponteiros do relógio amarram minha atenção pro tic-tac tão sonoro e apelativo dos minutos que não voltarão mais, que devo voltar no tempo, na estrada da retrospectiva, ir pelo norte, que me levará ao cabo da boa esperança, onde deixei a máquina do tempo, que me reportará lá para onde o tempo é eterno, onde um momento amarra o ontem, o hoje e o sempre, tornando passado, presente e futuro nesse circuito infindo, vestido das fantasias oníricas presentes desde o início, quando o tempo era só um detalhe que esquecemos de ter.

Por: Narriman B.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

De onírica certeza.

Momento de agonia insólita, pensamentos que não sei que época datam, vão invadindo, tomando seus acentos e o espetáculo dá sinais iminentes de que vai começar...
A cortina sobe devagar, as luzes se sobressaem dissipando as trevas que antes escondiam o que estava prestes a acontecer... Trepidação, tudo geme, assisto incauta todo investimento para manter meu coração quieto se esvair, num piscar de olhos. Despeço-me da minha paz, para que a realidade faça a sua representação [paradoxo ou não, é o que acontece] Tão perfeita, e ao mesmo tempo aterradora. Eu vejo olhos, direcionados a outros olhos. Não são meus. Os meus se apertam em contínuas lágrimas salgadas, que fazem um contorno até meu queixo, e tocam em meu sinal, dando sinal do que está por vir. Vejo palavras perfeitamente arquitetadas com o intuito de tocar, de acariciar um coração que não é o meu, porque o meu se dizima, se autodestrói, e nesse momento posso sentir ir embora a confiança q eu tinha. Vejo tanta gente ao redor, pessoas que sorriam falsamente pra mim, agora aplaudem, não ao 'espetaculo-sonho', mas a minha aparente derrota, com ar de que conseguiram. Daí eu vejo mãos, Estas se entrelaçam, depois que os dedos passam pelos traços da palma, como forma de dizer: 'caminhos foram traçados, agora me pertences’. Isto me traz lembranças, que estavam ha muito tempo num fundo de um baú trancado, cuja chave eu não tenho acesso. Eu percebo o quanto minhas mãos foram fortes um dia, o quanto elas lutaram, o quanto elas se debruçaram em criatividade, o quanto elas 'amaram’. Esta story line estava ficando insuportável demais,quando as cortinas novamente se abrem,anunciando o ultimo ato. Nesse instante olho atenta para a menina, cabelos ao vento, sorriso largo como quem posa pra foto, uma pureza no olhar, gestos tão espontâneos que vão de engraçados a encantadores, assim como quem não quer nada. Levantamos uma mão ao mesmo tempo, e axo estranho, começo a perceber que seus movimentos agora, estão em perfeita sintonia com os meus, Percebo que sou eu que passo a mão no rosto dele de forma singular...

O faço levantar, o envolvo com um beijo, depois viro o rosto, rubro de vergonha, aquele risinho de lado, que diz tanto, e ao mesmo tempo cala, está lá, tão perceptível. Explodimos em gargalhadas, aparentemente a felicidade transborda. Neste momento percebo que as pessoas sumiram, restamos apenas eu e o espetáculo mais onírico de toda minha vida. Tento correr, mas não posso, estou presa pela cena, e esta agora me chama, convida-me a tomar o papel principal._'NÃO ME ENCAIXO NO PERSONAGEM' grito eu, -NÃO TENHO O BASTANTE PARA ELE', digo baixinho.O medo me toma,as marcas vêem a tona com toda veemência, a menina do palco olha pra mim, olhos agora tristes, e diz: Você é ela, somos a mesma pessoa, em fases diferentes, apenas as mágoas nos diferem, pois não há lugar para elas em mim. _'EU NÃO CONSIGO' digo, numa voz q me assusta de tão embargada. 'ELE TAMBÉM NÃO' sentencio, compreendendo tudo. Ele segura as mãos dela com força, rosto agora confuso, pergunta-lhe algo, ela sacode a cabeça, a minha vai junto no movimento, e agora eu percebo o quanto ela doi..

Derrepente é como se eu tivesse acesso aos pensamentos dele, como por transferência numa telepatia, ou como naquele filme ' e se eu fosse você'. Há milhares de pensamentos desconexos, rápidos, inteligentes, divertidos, todos a seu tempo. Quando olho pra frente, sob a ótica dele vejo milhares de rostos que se sobrepõem, rostos que me são familiares. Lindas formas, formas de falar diversas... Em sua mente agora,ondas cerebrais em forma de pensamento traçam estratégias, frases perfeitas, linhas de pensamentos que fogem do convencional. Ou não. Há também rituais, manias e imperfeições. Derrepente é como se eu olhasse no espelho, é minha imagem que se forma na profusão dos rostos, só que está diferente. Sinto o seu coração palpitar leve e milhares de pensamentos surgirem com a força de uma represa. Ele solta a mão depressa. Sua mente procura defeitos, mágoas surgem, como mecanismo para defender de ver um possível filme sendo reprisado. Daí acontece a coisa mais incrível.

Aquela imagem minha, que eu não reconheço, não concebo como minha, de tão perfeita que parece ser, ergue-se devagar. Tudo ao redor fica mais lento, embaçado, fora de perspectiva. A mão 'dela' completa seu trajeto, toca-lhe o coração.' NÃO SE PREOCUPE' diz com segurança.'FAREI CESSAR SEU MEDO'...'Sabe a mágoa? Ela nunca existiu, é apenas uma falsa memória. Eu também cheguei a acreditar nela, também me entreguei a insegurança, a hostilidade. Mas ela não consumiu a minha fé, a certeza de que Deus quem fez surgir tudo que está disfarçadamente dentro de nós. 'APENAS ME ABRAÇE'.
Neste momento, lágrimas que antes eram de tristeza, se transformaram em alegria. Ele oscila, mas daqui de dentro posso ver, a imagem se transforma uma vez mais. O rosto que está diante dele parece refletir. Retomo meu lugar, envolta no mais perfeito abraço. As luzes se apagam num cenário de flores invertidas. As cortinas fecham.
Mas o espetáculo que continua por trás dela é ainda mais impressionante.

História fictícia, por Narriman Buriti Basilio.

domingo, 19 de setembro de 2010

Do microscópio ao telescópio, observar!


As correntes de pensamento que se emaranham, sempre que a presença é captada ao mais sutil dos movimentos. Como por um radar...

Aí tudo acontece, aí tudo explode. São as correntes que trazem os ventos do oeste... Como um tornado, as emoções se sacodem, mistura os timbres, as entonações, os sorrisos e rostos se confundem na relva cinza de um dia chuvoso...

Meus pensamentos se descontrolam, tudo converge em um só...

As palavras perdem o curso natural. Batem nos lábios e voltam, vem o medo de se entregar... O coração percebe a recusa, projeta em algo além para fazer a reorganização mental... Que nesse momento está como um jardim em flores, louco pra soltar pétalas pra todos os lados... Da janela eu vejo, o seu sorrir, o seu curtir, da janela posso apenas notar, com aquele fio de curiosidade que insiste em não me deixar....

Como num filme antigo, tudo balança, naquele trepidar tranquilo e chuviscado, que faz arrepiar. Um palpite, nada mais. Difícil de confessar...

Na aproximação habita o medo, o que será que será? Devo ou não devo? Apenas observar? Não entrego, não fácil. Quando tudo acontecer aí sim,deixarei sutilmente as pegadas na areia da alma, sem medo, sem recusa...

Por enquanto apenas pistas do que poderá acontecer...

Quem será Sherlock o bastante para perceber? Quem terá olhos de lupa para detalhes tão pequenos notar? Talvez essa seja a intenção, tornar imperceptível aos demais....

Subjetivo demais,talvez pense que isso seja egoísmo, talvez apenas a postura adequada... O que é adequado?... Do outro lado da janela vejo tantos errar. Há sempre aquela liberdade de ser senhor de sí, esquecer os princípios tornou-se a regra por aqui...

Quem se faz escravo do desejo, compra veneno pra sua própria intoxicação...

E como seremos então? Diferente hoje em dia é leproso, estigma da sociedade. A liberdade exige liberação. Até mesmo no universo cristão? Como saber quem é quem? Não fomos constituídos juízes, ninguém julga ninguém...

Precisamos estar firmados se queremos ver as promessas se realizar. Será que vamos esperar? Meus pensamentos me levam a tal reflexão. do coração ou da razão? Não sei, talvez haja uma conexão. Meus sentimentos serão guardados, caso você mereça, ou se não...

Qual a razão pra continuar essa decisão?

Enigmáticamente: [N.B.B]


As vezes eu me sinto exclusa...

Noto em mim até um tom de voz diferente... Um ressoar mais esganiçado,de quem tem medo do que falar,de quem se perdeu em algum lugar e não sabe como rebocar aquele seu eu particular ...

As vezes meu fantástico se esvai, em vez de criatividade, ver-se tudo que outrora era só felicidade, se jogando contra uma parede de afiadas facas, essas fincam fundo naquilo que você chamaria de bobagens, naquela bagagem que o tempo não levou... Aí você quer ter o mágico poder de tudo esconder, tudo o que simplesmente escapa por entre os dedos, de todas as histórias, que estão ainda mais fincadas em seu ser...

Como uma flecha que tudo divide, Você chega, parte ao meio aquilo que outrora era certeza, transforma em dois o que antes transbordava esperteza, faz razão e emoção se fundirem em uma só...

Daí você vem, e faz vendaval o que antes abundava calmaria, transforma em furacão o que antes nem se via, re-acende as fagulhas luminosas que ainda subsistia...

O que cala em nós afugenta minha coragem, me faz perder a ancoragem que eu tanto acreditava que ia me livrar. E eu feito uma tonta volto então, pro início daquela velha canção, que eu ainda ouço, aqui, tão perto de mim. Notas musicais que talvez nunca se encontrarão...

Então deixe...

Deixe que eu escolha tua música, teu gesto mais legal,a tua piada...
deixe que eu componha a letra que embalará a tua trajetória, construída diariamente, diferente, entonante, fazendo combinações sonoras, sampleando, casando letra e música, meu coração no teu...
Deixe que eu enxugue as lágrimas que ainda não caíram, oh sim, àquelas que planejam te fazer derramar...
Deixe que eu te ajude na luta, que seja teu braço forte emaranhando as trincheiras que te livrarão da morte...
Deixa eu embalar teu riso bobo com uma poesia feita no dia a dia, quando menos esperar...
Deixa eu tecer tuas risadas, em gestos inesperados, ou palavras debochadas..
Só não me deixe te deixar, nem por um momento, nem mesmo em pensamento...
Não me peça pra parar.
N.B

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Desarme o medo...


corro,
medo,
ele se aproxima,
medo
fujo,
medo,
ele me alcança,
medo,
eu grito,
medo,
ele está aqui...
medo,
Paro,
medo,
viro-me,
medo,
Lanço-lhe o meu melhor sorriso,
medo,
ele desaparece...
Um problema
Torna-se grande,
quando lhe dá atenção,
torna-se pesado
quando o avaliamos,
torna-se enorme, quando giramos em torno dele, ou bailamos com ele em pensamento,
torna-se incomensurável,
quando o levamos muito a sério...
Porém, nadando no sentido inverso...
Um problema
torna-se pequeno quando o ridicularizamos,
torna-se leve,
quando o menosprezamos,
torna-se diminuto,
quando o ignoramos conscientemente
e desaparece,
quando o aceitamos.

Logoterápicamente[...]
N.B.B

“Não consigo” _Frase dita de forma tão fácil, tão rápida, tão cômoda,sem exigir reflexão, apenas um mover de lábios. E assim morreu uma possibilidade.

Como teria sido, se ela tivesse sobrevivido? Teria tornado o inesperado esperável? O inacreditável, acreditável?O ansiosamente desejado, palpável? Teria ela mergulhado na plenitude de sentido do mundo e teria realizado tudo o que esperava por sua concretização?

Mas ora vejam, posso questionar esse “não posso”. E então nasce uma possibilidade. Como seria se ela sobrevivesse?

Modificaria ela o modificável, abriria o que estava fechado, acordaria o que estava adormecido?

Traria ela de volta pra mim aquele “sim, eu posso”, frase difícil de ser pronunciada, mas capaz de nos tornar incrivelmente felizes, nos lançando a plenitude de sentido do mundo?

Possibiblidade, não passe adiante...Viva-a!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Que cesse a chuva, que surja as flores,só quero cantar...


Só queria não ter que fugir como bandido da polícia toda vez que te vejo, correndo para tão longe do meu irresistível sentimento, e poder assumir tranquila e firme toda aquela singela doçura a enrubescer minha face, plantando um sorriso na tua. Só queria (e tão somente) não ter que partir ao meio os fios tecidos pela harmonia do meu olhar com o seu, a emaranhar a o encanto certo e duradouro, plantado e regado a cada momento, e não perder nem por um minuto a sensação de estar no lugar e horas exatas, bem no meio da inexatidão dos nossos gestos espontâneos, rodeado de belas palavras. O que eu quero é tão simples. É como a bonança que antecede a tempestade não temida, por ter como certo o porto de escape, um farol a nos iluminar diante das trevas que se acortinam, nos fazendo enxergar através da lente que remete a alma, os desejos, anseios, as vontades, os enrredos. É poder gritar "Ação" para todos estes, agora sem temer represálias. É fazer um (sutil e desejável) passeio interior, sempre que o nosso exterior remeter ao caos, e condicionar a tristeza a ser mais alegre, a se entregar e emoção do nosso sonhar. Arco-íris na imensidão do olhar. É a certeza, após uma beber mais uma vez de um delicioso diálogo, que nossos pensamentos foram aprimorados, que nos tornamos melhores e mais admirados, da riqueza encoberta das nossas palavras e atos. E certamente, ao silenciar esse turbilhão de pensamentos, poder olhar de lado e sentir na sutileza de um toque, das mãos que brincam, dos braços que se tocam, dedos que se reconhecem, sem nada mais para preocupar. Seria como se tivéssemos uma secreta intimidade com o mundo, certa cumplicidade com o tempo. Uma tranqüilidade dilatada no peito, o olhar satisfeito, a mente entendendo que já nem precisa entender o que é prosa ou poesia. E o mundo inteiro cabendo num abraço, em harmonia. Eu só queria usar os superlativos que se cruzam entre uma sinapse e outra da minha mente sempre que eu sou obrigada a escolher com cuidado um adjetivo simples pra te descrever. Um desejo complexo? Apenas não usar mais pretéritos, por "mais-que-perfeitos" que sejam, pois parecem tão imperfeitos diante de você, és presente sem embrulho, sem amarras, sem laços. E o tempo do dia não seria mais composto por esperas, ele seria vivido. Perceberíamos a constante coreografia de nosso carinho, palavras a dançar nos lábios. Saberíamos, o amor vigora em nós, se alimenta de nossa própria existência. E o chão do sonho é macio, e tudo parece estar alinhavado, numa ligação sem sufocamentos. Não há labirintos, nem mapas, nem bússolas. No máximo o movimentar das folhas a nos guiar para a direção certa. E você tem todas as coisas sem precisar tomar posse delas. Você ama o amor, não o delírio de estar apaixonado. Há de novo um grande fascínio, onde as palavras escritas parecem acariciar o seu olhar. É como se fôssemos inundados pelo mar onde antes só havia um precipício.
Sim, acho que te desenhei em meu coração. Imagem espiritual onde você é minha idealização sem fronteiras. Onde minhas mãos alcançam suas dores inalcançáveis, onde os meus olhos percebam os detalhes imperceptíveis, Onde só haja você, você e você. Você sempre querendo amar, querendo mais, querendo um tanto faz, querendo um tudo...
Bem, e eu? Eu só queria...

Reticentemente
N.B.B