sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Que cesse a chuva, que surja as flores,só quero cantar...


Só queria não ter que fugir como bandido da polícia toda vez que te vejo, correndo para tão longe do meu irresistível sentimento, e poder assumir tranquila e firme toda aquela singela doçura a enrubescer minha face, plantando um sorriso na tua. Só queria (e tão somente) não ter que partir ao meio os fios tecidos pela harmonia do meu olhar com o seu, a emaranhar a o encanto certo e duradouro, plantado e regado a cada momento, e não perder nem por um minuto a sensação de estar no lugar e horas exatas, bem no meio da inexatidão dos nossos gestos espontâneos, rodeado de belas palavras. O que eu quero é tão simples. É como a bonança que antecede a tempestade não temida, por ter como certo o porto de escape, um farol a nos iluminar diante das trevas que se acortinam, nos fazendo enxergar através da lente que remete a alma, os desejos, anseios, as vontades, os enrredos. É poder gritar "Ação" para todos estes, agora sem temer represálias. É fazer um (sutil e desejável) passeio interior, sempre que o nosso exterior remeter ao caos, e condicionar a tristeza a ser mais alegre, a se entregar e emoção do nosso sonhar. Arco-íris na imensidão do olhar. É a certeza, após uma beber mais uma vez de um delicioso diálogo, que nossos pensamentos foram aprimorados, que nos tornamos melhores e mais admirados, da riqueza encoberta das nossas palavras e atos. E certamente, ao silenciar esse turbilhão de pensamentos, poder olhar de lado e sentir na sutileza de um toque, das mãos que brincam, dos braços que se tocam, dedos que se reconhecem, sem nada mais para preocupar. Seria como se tivéssemos uma secreta intimidade com o mundo, certa cumplicidade com o tempo. Uma tranqüilidade dilatada no peito, o olhar satisfeito, a mente entendendo que já nem precisa entender o que é prosa ou poesia. E o mundo inteiro cabendo num abraço, em harmonia. Eu só queria usar os superlativos que se cruzam entre uma sinapse e outra da minha mente sempre que eu sou obrigada a escolher com cuidado um adjetivo simples pra te descrever. Um desejo complexo? Apenas não usar mais pretéritos, por "mais-que-perfeitos" que sejam, pois parecem tão imperfeitos diante de você, és presente sem embrulho, sem amarras, sem laços. E o tempo do dia não seria mais composto por esperas, ele seria vivido. Perceberíamos a constante coreografia de nosso carinho, palavras a dançar nos lábios. Saberíamos, o amor vigora em nós, se alimenta de nossa própria existência. E o chão do sonho é macio, e tudo parece estar alinhavado, numa ligação sem sufocamentos. Não há labirintos, nem mapas, nem bússolas. No máximo o movimentar das folhas a nos guiar para a direção certa. E você tem todas as coisas sem precisar tomar posse delas. Você ama o amor, não o delírio de estar apaixonado. Há de novo um grande fascínio, onde as palavras escritas parecem acariciar o seu olhar. É como se fôssemos inundados pelo mar onde antes só havia um precipício.
Sim, acho que te desenhei em meu coração. Imagem espiritual onde você é minha idealização sem fronteiras. Onde minhas mãos alcançam suas dores inalcançáveis, onde os meus olhos percebam os detalhes imperceptíveis, Onde só haja você, você e você. Você sempre querendo amar, querendo mais, querendo um tanto faz, querendo um tudo...
Bem, e eu? Eu só queria...

Reticentemente
N.B.B

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